"O que me preocupa não é o grito dos maus.É o silêncio dos bons" Luther King

domingo, 19 de outubro de 2014

Um homem no Jazigo



Em diversas culturas o culto a morte é algo sagrado, no mundo greco-romano parava-se guerras para celebrar os mortos; podemos dizer que no Brasil também, apesar de o período de luto ser um tanto breve na maioria das vezes.
Ouvi uma conversa a algum tempo onde diziam que um mendingo vivia dentro de uma casinha do cemitério da consolação e não havia medo nesse homem, posso ouvir seus passos andando como uma alma penada durante a noite, tantas almas lá dentro mas elas não assombram nem atacam aos bons, quem faz isso são os vivos.
Onde estão às flores? Elas já não estão mais lá.
Foram levadas por ladrões de cemitério. As flores que cheiram a morte, assim, como a vida têm duração breve e logo voltam para alimentar a terra.
Na passagem para a vida adulta relembro do girassol que ficou em um tempo tão distante. Quando era criança cuidava deles num pequeno jardim da minha casa, depois nunca mais quis vê-los porque viraram lembranças tristes, mas agora tudo virou melancolia e tristeza boa.

O girassol girou meu sol.

Penso que nossa relação com a terra mesmo em vida deveria ser mais intensa, pois, é uma parte de nós. Não ficaria triste ou com raiva se alguém morasse futuramente na minha morada da morte, ocupar a não-vida e observar diariamente o que não se sucede sucedendo é para os corajosos, essa é uma das qualidades admiráveis em um homem que se preze.

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