No zênite do dia, coisas incríveis acontecem na parte velha e suja da cidade.
Em uma parada, onde os ônibus se esqueceram de passar, uma observadora olha os eventos ao seu redor. As prostitutas lá na esquina, mendingos dormindo embaixo de papelões velhos, dentro do prédio os executivos e vendedores em frente querendo ganhar mais um dia, ela pensa, mas prefere não revelar seus pensamentos, pois, lhe vêm algo amargo lá no fundo do coração quando retorna a eles.
Olhe, lá é a Faculdade de São Francisco, de lá deve sair os representantes da justiça.
No entanto, lá na frente há uma senhora com uma corcunda anormal, saída do livro O Corcunda de Notre-Dame e por um instante, alguém parece querer lhe assaltar, um homem sujo e descalço lhe aborda, isso parece inacreditável, quem teria essa coragem?
Mas olhe mais uma vez, olhe profundamente, descobrirá que ela está tirando uma bolsinha bem antiga do fundo de sua bolsa, de dentro dessa bolsa tira todas as suas moedas, não é muito mas é tudo o que têm e dá a esse jovem homem que para muitos é apenas mais um vagabundo que poderia estar trabalhando pela lógica do sistema, por um instante, não se sabe de quem se têm mais pena se do homem ou da velha corcunda que retém olhares por onde passa; ao mesmo tempo passa entre ambos uma luz,aquela concedida por um amor profundo que nada pede para dar, a caridade, a solidariedade reside ainda onde ninguém quer enxergar, na invisibilidade dos mundo social.
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