São Paulo,
Sexta-feira, 04 de julho de 2014.
Brasil ganhou a copa, o país está feliz, apesar de amigos estarem presos. Afinal, isso é importante para uma minoria da população.
Atravessamos de noite o hospital universitário que está em greve, logo em seguida descemos a favela, um dos percursos para chegar no supermercado, lá estão todos comemorando, quase todos na rua.
Existe o lado anti-copa em meu coração, mas quem sou eu para desejar que todos não queiram e não fiquem felizes com a copa? não quero mudar o mundo, fico feliz ao modificar o meu, que as pessoas comemorem a copa mas não fiquem tão cegas a ponto de não querer enxergar que ao seu lado existem problemas que precisam ser resolvidos.
Está tudo fechado, voltamos ao nosso carcere de regime semi-aberto, todos voltaram para os seus lares por aqui e os que não voltaram estão em festas ou nos bares da cidade, aqui só ficam os que fizeram de si o seu próprio lar, depois de estarmos cansados de estudar surge uma conversa que se estende pela madrugada em uma pequena cozinha tomando suco de laranja com cenoura.
Coisas tão pequenas, com a palavra percorremos o mundo e nossas lembranças e trouxemos a tona uma coisa que está tão perdida nas grandes cidades: a conversa sem interesses, o ouvir a experiência do outro.
Alguém fala sobre a sua quase loucura, outro sobre o mar, sobre filmes, sobre o professor muito louco que escolhe seus lugares,torcidas organizadas, outro sobre a velhice e sua vida no passado, percebo que cada um tem algo para contar que se torna interessante no olhar do outro sem ligar pra nenhum instrumento tecnológico tão comum na atualidade,sem ligar para o tempo,até que os três felizardos decidem se despedir.
Vou para cama, sinto vontade de narrar esse dia e essa noite qualquer, lembrei de uma matéria que dizia que os russos ficam conversando horas a fio em suas cozinhas pequenas,sem nenhum compromisso, desejo sinceramente ter outras noites tão simples e tão alegres, pois, faz parte das coisas boas da vida.
Que bonito, Ananda!
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