Caminhar traz uma boa experiência de observação, todos os dias uma descoberta, mesmo quando o metrô está lotado.
Uma nova perspectiva da cidade e das pessoas, é tudo tão igual e ao mesmo tempo tão diferente.
Percebo no horizonte um conjunto de barracos que não deveria existir, mas que é moradia de alguém, muitas pessoas, lembro do texto Embaixo da Ponte de Drummond.
Um borracheiro diz que sou tímida e penso que deveria falar mais alto, como o professor de canto disse certa vez, não tenha medo da voz.
Eu não deveria ter, estudo palavras desde que nasci e ainda não consigo compreendê-las, é o grande embate da vida.
De certo modo, a rua traz a obrigação de saber me adaptar a diversos tipos de discursos, comportamentos e tentar não perder a mim mesma nessa imensa multidão.
A traquinice de uma criança faz eu lembrar que a criança ainda é criança e precisa brincar, se expressar de modo espontâneo, e que devemos esquecer tudo ao redor e ouvir apenas, se envolver com o momento presente, nas coisas mais mínimas que podem fazer sorrir, sem se importar apenas com o conteúdo de um livro, não somos máquinas e nem totalmente adultos o tempo inteiro.
Ás vezes, sou triste porque nada disso parece ter sentido e para trazer algum sentido decidi escrever, pensei que o silêncio fosse a solução, na maioria das vezes sim, mas por hoje não é.
Cosmo
"Perdida em algum mundo paralelo"
"O que me preocupa não é o grito dos maus.É o silêncio dos bons" Luther King
terça-feira, 21 de agosto de 2018
terça-feira, 6 de junho de 2017
CAPES
Hoje tive uma experiência forte para a minha vida.
É estranho quando você não vê uma pessoa que te marcou por muitos anos, essa experiência pode trazer uma efusão de sentimentos.
É como desenterrar um morto que estava adormecido, mas sempre esteve ali, presente de algum modo.
Choveu muito e cheguei naquele lugar que parecia um tanto sombrio, depois de atravessar avenidas abandonadas da grande cidade, existem lugares que talvez sejam históricos por eles estarem sempre te atualizando de vários períodos e sempre sinto isso quando ando aos arredores da Sé. Tantos loucos e mendingos ao seu redor. Disse um rapaz certa vez, que é comum e existe alguma coisa ali que atrai tantos espectros.
Os hospitais me parecem sempre os mesmos desde quando era criança nunca me agradaram, de fato, prefiro não estar ali, lugares lotados e as pessoas com a aparência de que precisam de ajuda que não é dada.
Subi o elevador antigo, no segundo andar o tratamento é de "drogas e álcool" e no quarto de "saúde mental". Bem, visitei ambos, apesar de não me parecerem tão diferentes assim, me agradou ver desenhos no segundo andar. Não gosto das pessoas usarem uniformes, diferencia os visitantes, dos pacientes e médicos.
Fiz meu encontro com ela de forma surpresa, já no elevador, sem preparo algum, ela perguntou se tinha trazido doces e reparei nesse momento que tinha esquecido de levar algo.
Depois, quando tantas pessoas estavam ao meu redor, em uma sala fechada, ela pegou em seu coração e abraçava a si mesma. O olhar era em direção ao nada com um quê de tristeza. Isso parte meu coração e sinto vontade de chorar imensamente, mas é melhor segurar as lágrimas e ser a pessoa ponderada que aprendi a ser. É horrível os disfarces que críamos para viver nesse mundo.
Depois, caminhamos até o dormitório, onde não existe nada além de três camas e um armário, tudo é branco, lá está apenas uma companheira de quarto, tentei contar uma história que não veio e perguntei se gostavam da bíblia, perguntei se na próxima visita eu poderia ler um trecho para elas, a senhora que divide o quarto com ela disse que sim e na saída disse para eu orar para ela já que ninguém lhe faz uma visita.
Eu me senti animada a voltar, apesar de ser cansativo para mim.
Pedi para ela me levar na biblioteca e me levou no seu silêncio, quando lá chegamos ficou olhando pelas vidraças a cidade e a chuva, me parece que nada faz sentido. Em algum momento ela diz:
"Agora que já acabei com a minha vida, estou aqui." e sinto isso como uma pedra em mim.
O acervo da biblioteca é pequeno e a maioria dos livros são didáticos. Olho o livro do Robison Crusoé, falava sobre o mar, pensei em ler, mas tem momentos que é melhor sentir o silêncio mesmo quando ele é cheio de significados difíceis de serem compreendidos. Chega outra visita, aquele que sem ter obrigações está ali, talvez isso seja amor e vem de alguém que diz apenas que os meninos vão crescer juntos, mesmo não tendo dinheiro algum.
Decido partir e ganho um abraço, mesmo com tanto embaraço.
Tenho uma longa conversa depois e me explicam o que já sabia, a noção de lar talvez deva ser construída porque é diferente a maneira como tudo isso se processa em sua mente, a concepção de estar no mundo e perspectivas não são as mesmas e as minhas também vão por esse mar de outra forma.
É estranho quando você não vê uma pessoa que te marcou por muitos anos, essa experiência pode trazer uma efusão de sentimentos.
É como desenterrar um morto que estava adormecido, mas sempre esteve ali, presente de algum modo.
Choveu muito e cheguei naquele lugar que parecia um tanto sombrio, depois de atravessar avenidas abandonadas da grande cidade, existem lugares que talvez sejam históricos por eles estarem sempre te atualizando de vários períodos e sempre sinto isso quando ando aos arredores da Sé. Tantos loucos e mendingos ao seu redor. Disse um rapaz certa vez, que é comum e existe alguma coisa ali que atrai tantos espectros.
Os hospitais me parecem sempre os mesmos desde quando era criança nunca me agradaram, de fato, prefiro não estar ali, lugares lotados e as pessoas com a aparência de que precisam de ajuda que não é dada.
Subi o elevador antigo, no segundo andar o tratamento é de "drogas e álcool" e no quarto de "saúde mental". Bem, visitei ambos, apesar de não me parecerem tão diferentes assim, me agradou ver desenhos no segundo andar. Não gosto das pessoas usarem uniformes, diferencia os visitantes, dos pacientes e médicos.
Fiz meu encontro com ela de forma surpresa, já no elevador, sem preparo algum, ela perguntou se tinha trazido doces e reparei nesse momento que tinha esquecido de levar algo.
Depois, quando tantas pessoas estavam ao meu redor, em uma sala fechada, ela pegou em seu coração e abraçava a si mesma. O olhar era em direção ao nada com um quê de tristeza. Isso parte meu coração e sinto vontade de chorar imensamente, mas é melhor segurar as lágrimas e ser a pessoa ponderada que aprendi a ser. É horrível os disfarces que críamos para viver nesse mundo.
Depois, caminhamos até o dormitório, onde não existe nada além de três camas e um armário, tudo é branco, lá está apenas uma companheira de quarto, tentei contar uma história que não veio e perguntei se gostavam da bíblia, perguntei se na próxima visita eu poderia ler um trecho para elas, a senhora que divide o quarto com ela disse que sim e na saída disse para eu orar para ela já que ninguém lhe faz uma visita.
Eu me senti animada a voltar, apesar de ser cansativo para mim.
Pedi para ela me levar na biblioteca e me levou no seu silêncio, quando lá chegamos ficou olhando pelas vidraças a cidade e a chuva, me parece que nada faz sentido. Em algum momento ela diz:
"Agora que já acabei com a minha vida, estou aqui." e sinto isso como uma pedra em mim.
O acervo da biblioteca é pequeno e a maioria dos livros são didáticos. Olho o livro do Robison Crusoé, falava sobre o mar, pensei em ler, mas tem momentos que é melhor sentir o silêncio mesmo quando ele é cheio de significados difíceis de serem compreendidos. Chega outra visita, aquele que sem ter obrigações está ali, talvez isso seja amor e vem de alguém que diz apenas que os meninos vão crescer juntos, mesmo não tendo dinheiro algum.
Decido partir e ganho um abraço, mesmo com tanto embaraço.
Tenho uma longa conversa depois e me explicam o que já sabia, a noção de lar talvez deva ser construída porque é diferente a maneira como tudo isso se processa em sua mente, a concepção de estar no mundo e perspectivas não são as mesmas e as minhas também vão por esse mar de outra forma.
segunda-feira, 30 de maio de 2016
Travail, Famille, Patrie
O governo de Pétain em 1940, na França, substituiu o lema nacional "Liberté, Egalité, Fraternité" por "Travail, Famille, Patrie" na França ocupada por nazistas.
Pode parecer uma comparação, demasiadamente, exagerada, mas não posso negar que vivemos em tempos profundamente críticos que podem ser transformado. É possível traçar um paralelo com o atual governo brasileiro, que em suas propagandas diz: "Não fale em crise, trabalhe" ou deputados que proclamam por sua família e por sua pátria.A pátria sempre entrando como um bem-supremo, mesmo que para isso, seja necessário reinventar as leis para dar suporte a uma mentira.Mas dizia alguém que uma mentira bem contada torna-se uma verdade. Vejo isso ocorrer constantemente, ainda me impressiono.
Eu gostaria de não mais dizer, verbalizar e consigo por um breve tempo, pois, começo a entender que o mundo não necessariamente precisa ser verbal, ele pode acontecer nos grandes silêncios da alma, apesar de tudo isso, algo ainda me impulsiona, talvez, uma breve tentativa de resistência por parte de tudo o que vejo e que tenta de algum modo me influenciar, pois, manter-se como alguém inabalável ainda é difícil para quem não é sábio, mas busca um caminho.
Não quero brigar com ninguém, porque isso quase nunca leva a uma solução, apenas, a embates e disso estou bem cansada. Vou observando e espero que todos tenham humanidade suficiente pensar no próximo, pois, se isto acontece, vejo que não sou melhor ou pior que ninguém, apesar de ter situações econômicas e sociais diferentes, isso não me aumenta ou diminui, devo ajudar indefinidamente e trabalhar não como uma atividade que irá gerar apenas consumo, como uma atividade funcional, e sim para tentar levar um outro caminho, o caminho das rosas (apesar de que haverá espinhos) e da simplicidade com que tanto sonho.
O lema "Travail, Famille, Patrie" não levou a coisas boas, se prestarmos mais atenção a história talvez aprendamos a não repetir erros que levam ao sofrimento. Lembro de um livro do Primo Levi "O que é a vida?", onde o autor tenta registar seu cotidiano para não levar ao esquecimento, para de algum modo registrar o que viveu e tentar gerar alguma reflexão e consequentemente transformações no pensamento, palavras e ações, que são coisas que movem o mundo de algum modo. . .
Pode parecer uma comparação, demasiadamente, exagerada, mas não posso negar que vivemos em tempos profundamente críticos que podem ser transformado. É possível traçar um paralelo com o atual governo brasileiro, que em suas propagandas diz: "Não fale em crise, trabalhe" ou deputados que proclamam por sua família e por sua pátria.A pátria sempre entrando como um bem-supremo, mesmo que para isso, seja necessário reinventar as leis para dar suporte a uma mentira.Mas dizia alguém que uma mentira bem contada torna-se uma verdade. Vejo isso ocorrer constantemente, ainda me impressiono.
Eu gostaria de não mais dizer, verbalizar e consigo por um breve tempo, pois, começo a entender que o mundo não necessariamente precisa ser verbal, ele pode acontecer nos grandes silêncios da alma, apesar de tudo isso, algo ainda me impulsiona, talvez, uma breve tentativa de resistência por parte de tudo o que vejo e que tenta de algum modo me influenciar, pois, manter-se como alguém inabalável ainda é difícil para quem não é sábio, mas busca um caminho.
Não quero brigar com ninguém, porque isso quase nunca leva a uma solução, apenas, a embates e disso estou bem cansada. Vou observando e espero que todos tenham humanidade suficiente pensar no próximo, pois, se isto acontece, vejo que não sou melhor ou pior que ninguém, apesar de ter situações econômicas e sociais diferentes, isso não me aumenta ou diminui, devo ajudar indefinidamente e trabalhar não como uma atividade que irá gerar apenas consumo, como uma atividade funcional, e sim para tentar levar um outro caminho, o caminho das rosas (apesar de que haverá espinhos) e da simplicidade com que tanto sonho.
O lema "Travail, Famille, Patrie" não levou a coisas boas, se prestarmos mais atenção a história talvez aprendamos a não repetir erros que levam ao sofrimento. Lembro de um livro do Primo Levi "O que é a vida?", onde o autor tenta registar seu cotidiano para não levar ao esquecimento, para de algum modo registrar o que viveu e tentar gerar alguma reflexão e consequentemente transformações no pensamento, palavras e ações, que são coisas que movem o mundo de algum modo. . .
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
terça-feira, 22 de setembro de 2015
Litteras Amoris
Um dia desses uma carta de amor que não chegou ao destinatário parou em minhas mãos.
Junto com ela um pequeno livrinho de Blanca Varela chamado Camino de Babel. Decidi narrar esse pequeno acontecimento, pois, cartas (pelo menos para mim), sempre foi algo carregado de um sentimento podendo ser bom ou ruim. Lembro a primeira vez que mudei de bairro, tinha então 13 anos, pedi cartas a minhas amigas e amigos e recebi várias, durante anos, guardei em uma caixinha.
Durante as várias mudanças que se sucederam em minha vida, ficaram perdidas em algum lugar, mas lembro de algumas muito impactantes, um menino que quase saímos no tapa por ter me ofendido, antes de me mudar me deu uma carta e isso parecia inacreditável.
Outra vez, lembro de uma amiga minha que chorou em cima de uma carta de amor,em seguida, queimou, porque achou que aquilo fosse algo bobo de um tempo que não precisa mais ser lembrado, mas ao mesmo tempo era um tempo que causava situações desse tipo.
Eu nunca achei uma carta boba, mesmo as que parecem bobas, no final, não o são.
A uma citação nessa carta de um livro belíssimo, "El Aleph", livro que comprei de presente alguém ano passado, talvez não acredite no acaso, porque muitas coisas na vida parecem que já estão escritas como dizem por aí.
Bom, para concluir, espero receber novamente um dia uma carta, em uma situação que não espere, pois, o inesperado às vezes é belo...
Junto com ela um pequeno livrinho de Blanca Varela chamado Camino de Babel. Decidi narrar esse pequeno acontecimento, pois, cartas (pelo menos para mim), sempre foi algo carregado de um sentimento podendo ser bom ou ruim. Lembro a primeira vez que mudei de bairro, tinha então 13 anos, pedi cartas a minhas amigas e amigos e recebi várias, durante anos, guardei em uma caixinha.
Durante as várias mudanças que se sucederam em minha vida, ficaram perdidas em algum lugar, mas lembro de algumas muito impactantes, um menino que quase saímos no tapa por ter me ofendido, antes de me mudar me deu uma carta e isso parecia inacreditável.
Outra vez, lembro de uma amiga minha que chorou em cima de uma carta de amor,em seguida, queimou, porque achou que aquilo fosse algo bobo de um tempo que não precisa mais ser lembrado, mas ao mesmo tempo era um tempo que causava situações desse tipo.
Eu nunca achei uma carta boba, mesmo as que parecem bobas, no final, não o são.
A uma citação nessa carta de um livro belíssimo, "El Aleph", livro que comprei de presente alguém ano passado, talvez não acredite no acaso, porque muitas coisas na vida parecem que já estão escritas como dizem por aí.
Bom, para concluir, espero receber novamente um dia uma carta, em uma situação que não espere, pois, o inesperado às vezes é belo...
quarta-feira, 1 de abril de 2015
1º de Abril
Faz um ano...
Que achei que tivesse lido o livro errado.
Mas o errado, não estava errado.
A verdade, é que podemos construir a verdade,
assim, como a mentira.
Criticaram os sofistas por usar sua arte para construções que não levam a verdade , mas a vida não seria um grande palco de construções, onde a minha realidade talvez não seja real?
É bem provável que eu viva numa irrealidade.
Ah, mas como eu amo a irrealidade construída, já disse um poeta, que o amor salva, eu acredito.
Que achei que tivesse lido o livro errado.
Mas o errado, não estava errado.
A verdade, é que podemos construir a verdade,
assim, como a mentira.
Criticaram os sofistas por usar sua arte para construções que não levam a verdade , mas a vida não seria um grande palco de construções, onde a minha realidade talvez não seja real?
É bem provável que eu viva numa irrealidade.
Ah, mas como eu amo a irrealidade construída, já disse um poeta, que o amor salva, eu acredito.
O Poder da Pluma
O poder da pluma pode levar as alturas ou levar a sucumbir qualquer um ao inferno de Dante.
Onde iremos empregá-lo? No bem não reconhecido ou no mal cheio de adulações e ilusões bem pagas?
É melhor, pois, aprender a suportar tudo e ter a cabeça no reino das nuvens. Essa têm sido a escolha que faço a anos, não se vender, apesar de se pagar um preço alto por isso e ganhar um mundo que não têm preço.
Cultivar as virtudes e desenvolver algo melhor para o mundo dos homens, mesmo que a maioria não saiba que a mudança de uma alma eleve o resto, mesmo que isso passe desapercebido e esquecido. O esquecimento, na verdade, é um bem que poucos sabem apreciar.
As vezes a pluma se faz melhor quando nada escreve, quando tudo fica no mundo das ideias e do espírito, nos dias de hoje se muitos soubessem disso, nos pouparíamos de muito e perderíamos muito também. Então, qual a solução ou dissolução?
Onde iremos empregá-lo? No bem não reconhecido ou no mal cheio de adulações e ilusões bem pagas?
É melhor, pois, aprender a suportar tudo e ter a cabeça no reino das nuvens. Essa têm sido a escolha que faço a anos, não se vender, apesar de se pagar um preço alto por isso e ganhar um mundo que não têm preço.
Cultivar as virtudes e desenvolver algo melhor para o mundo dos homens, mesmo que a maioria não saiba que a mudança de uma alma eleve o resto, mesmo que isso passe desapercebido e esquecido. O esquecimento, na verdade, é um bem que poucos sabem apreciar.
As vezes a pluma se faz melhor quando nada escreve, quando tudo fica no mundo das ideias e do espírito, nos dias de hoje se muitos soubessem disso, nos pouparíamos de muito e perderíamos muito também. Então, qual a solução ou dissolução?
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